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Bienal do Livro do Rio de Janeiro: Reinhard Kleist e o quadrinho alemão
Havia tanta gente naquela Bienal que não consegui aproveitar quase nada, mas passando pela exposição dedicada a Alemanha havia um espaço reservado ao quadrinho alemão. Além de alguns álbuns expostos, o destaque foi a presença de Reinhard Kleist, autor alemão conhecido por algumas obras já traduzidas para o Brasil e que nesta Bienal, através da Editora 8inverso, está lançando sua obra O boxeador. Sobre o autor e suas obras eu aconselho visitar este link que está muito completo e explica melhor sobre sua arte.
A oficina de quadrinhos que Kleist ministrou antes da palestra.
Consegui participar da palestra de Kleist, onde ele apresentou a cena alemã de quadrinhos e mostrou alguns quadrinistas e suas obras, comentando detalhes de cada arte, as características e o tipo de quadrinho encontrado. Kleist na verdade representa essa nova cena alemã, que nos últimos anos vem se destacando com inovadores trabalhos e merecendo atenção até mesmo no concorrido mercado francês de quadrinhos, tornando-se destaque na própria mídia tradicional alemã e o natural reconhecimento da graphic novelcomo literatura e arte respeitada na própria Alemanha.
Kleist comparou também uma diferença que caracteriza o quadrinho alemão em comparação, por exemplo, com a Itália. Enquanto o quadrinho italiano privilegia mais a parte artística, influência até pela arte tradicional italiana e pela escola de design, o alemão privilegia mais a história e as cenas biográficas. Uma tendência notada pelas sua próprias obras, como Cash – I See a Darkness (2006) – sobre Johnny Cash, Elvis – Die illustrierte Biographie(2007), Castro (2010) e Der Boxer (2011), todas elas baseadas em personalidades históricas e que destacam bem o mérito de serem romances gráficos.
Kleist explica sua arte através de uma expressão: “os quadrinhos são uma verdade sentida”. Ele procura transmitir não só a parte visual, mas fazer sentir pelos desenhos toda a cena descrita, de se fazer sentir o dia a dia da vida das pessoas.
Outra informação bacana é o tempo necessário que Kleist leva para se produzir uma graphic novel: cerca de um ano e meio, entre o roteiro, as pesquisas, a arte e o produto final. Logicamente ele não fica só fazendo quadrinhos, existem outros trabalhos que ele vai alternando, mas mesmo assim ele se considera um autor rápido.
No final achei o cara muito simpático e solicito, feliz por estar mostrando sua obra aqui no Brasil, e uma pena eu não conseguir escrever mais sobre sua palestra, que foi muito legal e ampliou bastante minha visão sobre os quadrinhos de uma forma em geral.